A
canção aborda o tema da criação do mundo da perspectiva da mitologia amazônica. Consoante narrativa lendária, Mavutsinim, o primeiro homem, teria herdado de Tupã (Espírito criador) a terra (Baé) e todas as suas riquezas, para usufruto próprio e de todo o seu povo e descendência. Assim teria nascido a floresta – onde tudo, na origem, era bom.
A metáfora consiste na crença de que todo o criado (amor gratuito do Criador) só se revela enquanto dom de Deus se for também usufruído pelo homem em coletividade; o mesmo princípio plasmado no preceito evangélico segundo o qual não se chega a Deus – que não se vê – senão através do próximo – que se vê. Fora dessa ótica, todo desígnio humano – a sua plena unidade como espécie – perde razão e sentido, de vez que sublimado numa dimensão ilusória, etérea e infrutífera. Ao homem, Deus só se revela, em sua essência, por meio da materialização da comunhão e do amor recíproco – que o insere, pela experimentação da verdadeira filia, na plenitude imanente da Vida.